PIBID Sociologia (2022-2024)

O PIBID/UFSC – Sociologia 2022-2024

Entre novembro de 2022 e abril de 2024, participamos de mais uma edição do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), financiado pela CAPES.

Nessa edição, nossa equipe cresceu bastante. O Prof. Dr. Eduardo Bonaldi (SPO/UFSC) coordenou a subárea no projeto, tendo a parceria das seguintes professoras supervisoras:

  1. A) Profa Ma.  Camila Philippi (EEB Julio da Costa Neves) substituída, ao final do Programa, por sua colega
  2. B) Profa Ma. Suzana Uiliano (EEB Anibal Nunes Pires) e que somou esforços com a
  3. C) Profa Dra Marivone Piana (Colégio de Aplicação/UFSC).

Ademais, doze licenciandos e licenciandas integraram nosso “time” de pibidianos. Seus nomes constam ao final dessa apresentação. 

O que fizemos durante os dezoito meses de Programa? 

Nos dois meses iniciais, nós ‘aquecemos as baterias’ com leituras e discussões instigantes sobre temas como:

  1. A) o conceito de “transposição didática”, a partir dos textos de Michel Verret e Yves Chevallard).
  2. B) os  “sentidos do ensino de sociologia”, a partir da noção de “imaginação sociológica”, proposta por Wright Mills e
  3. C) as perspectivas críticas e dialógicas acerca das relações de ensino e aprendizagem, pensadas a partir do legado de Paulo Freire.

Após esse período de formação teórica, era chegada, então, a hora de planejar nossa entrada e atuação em sala de aula.

Para isso, a cada mês letivo do ano de 2023 (isto é, entre março e novembro desse ano), nossa equipe formulou uma AULA ATIVIDADE, a ser conduzida durante duas horas aula,  em turmas do ensino médio da EEB Júlio da Costa Neves (Florianópolis, SC), o primeiro colégio que acolheu o projeto. 

Mas por que chamamos essa iniciativa de AULA ATIVIDADE? E não simplesmente de “AULA”?

Esclarecendo a proposta de AULAS ATIVIDADES

Tal escolha de termos refletiu nosso entendimento, de inspiração freiriana, sobre as relações de ensino-aprendizagem como processo dialógico no qual o/a docente apresenta o conhecimento (teórico e empírico) das ciências sociais a partir de atividades de diálogo e interação com seus estudantes. Essas atividades buscam estimular os alunos a refletir sobre seus próprios pontos de vista acerca da realidade social.

Desse modo, através da alternância entre momentos expositivos (centralizados na figura docente) e interações estimuladas com os estudantes (previamente elaboradas no “plano de aula”), os/as discentes são estimulados a examinar seus próprios pontos de vista (ou melhor, os pontos de vista internalizados e ressignificados durante sua socialização) a partir dos dados, raciocínios ou perspectivas extraídos de nossa cultura teórica e empírica nas ciências sociais.    

 Portanto, cada AULA ATIVIDADE constitui-se em uma proposta (para cada uma das oito temáticas tratadas no Programa) de alternância entre momentos expositivos e interações estimuladas com os discentes.

Dois Exemplos de AULAS ATIVIDADES

Por exemplo, para tratar, em caráter introdutório, da oposição entre “natureza” e “cultura”, nós propusemos uma “oficina de estórias”, na qual os estudantes puderam criar, em grupos, estórias envolvendo um ser humano que não tivesse sido ‘socializado’ em um povo, nação, cultura ou classe social. Isto é, alguém que não tivesse convivido com outros seres humanos.

Como seria essa pessoa? Ela teria linguagem verbal ou corporal compreensível para nós? Ela entenderia o que é um “carro” ou um “prédio”? Um “bebedouro” ou um “vaso sanitário”? O que aconteceria com ela se a imprensa, a escola, os bombeiros ou a polícia descobrissem essa pessoa, hoje, no meio da cidade?

Em outra AULA ATIVIDADE, buscamos expor a visão marxista sobre o capitalismo industrial a partir de uma “dinâmica de grupo” na qual diferentes estudantes eram orientados a desempenhar os papeis de diferentes classes sociais numa hipotética “fábrica” de tirinhas de papel. A partir dessa dinâmica, foi possível trabalhar as noções de “propriedade privada”, “classes sociais”, “mais valia” e “ideologia”.    

Essa abordagem metodológica, de sabor freiriano, esteve conectada, durante nossas “aulas atividades”, à ideia de imaginação sociológica como o conceito indutor dos sentidos do ensino de sociologia no espaço escolar.

imaginação sociológica como sentido do ensino escolar de sociologia

A partir desse ângulo, ensinar sociologia para adolescentes, no ensino médio, tem como objetivo transmitir um tipo de conhecimento e desenvolver um tipo de sensibilidade que torne os estudantes progressivamente capazes de perceber os múltiplos cruzamentos entre nossas experiências e destinos individuais, de um lado, e os fenômenos sociais, políticos, culturais e econômicos, por outro lado.

Esses conhecimentos e sensibilidade, sobre a inevitável imbricação entre o nível subjetivo e objetivo da realidade humana estabelecem a principal contribuição que a sociologia pode oferecer ao currículo obrigatório do ensino médio brasileiro. Consideramos que essa contribuição é fundamental para:

1)  a incorporação (por parte dos alunos do ensino médio) de conhecimentos e competências intelectuais necessárias ao exercício pleno e reflexivo da cidadania, uma vez que a percepção sobre essas imbricações entre destinos individuais e fenômenos coletivos é a própria “matéria prima” que pode plasmar  diferentes formas e possibilidades de reflexão política (qualificada e autônoma) em nível local e global.   

 

2)  Além desse empoderamento cívico, esse tipo de conhecimento e de sensibilidade (ofertado pelas ciências humanas, em geral, e pela sociologia, especificamente) é o ponto de vista que pode consolidar, durante a formação no ensino médio brasileiro, a distinção epistemológica entre, de um lado, as “ciências da natureza” (em que predominam as regularidades “objetivas”, ou seja, as determinações relativamente independentes da “vontade humana”) e as “ciências humanas”, nas quais processos de ordem “objetiva” (isto é, relativamente independentes da “vontade individual”) interagem com sociedades e grupos humanos capazes de interpretar, ressignificar e de agir (reflexivamente ou não) sobre esses processos de ordem econômica, cultural ou política.

Os materiais disponibilizados

Aqui, no sítio eletrônico do Laboratório de Ensino de Filosofia e Sociologia (LEFIS), socializamos os materiais que consolidam nossos esforços, apostas e escolhas durante o programa de oito “aulas atividades”, concebidos e conduzidos durante o ano de 2023 no bojo do PIBID/UFSC.

Este NÃO é um material “pronto” ou “perfeito”. É um material sobre o qual voltaremos a trabalhar na próxima edição do PIBID, buscando aperfeiçoá-lo e ampliá-lo.

Ainda assim, acreditamos que ele possa ser experimentado e alterado por professores e professoras, licenciandos e licenciandas que se interessem em conhecer esse material. Por isso, nós disponibilizamos aqui o material composto, a cada uma das OITO AULAS ATIVIDADES, por:

1)  “Plano de aula”: documento elaborado pelas duplas de “pibidianos”, formalizando a estrutura e a sequência de materiais, atividades e momentos de cada uma das “aulas atividades”.

2)  “Roteiro de aula”: documento elaborado pelo coordenador do projeto (prof Eduardo Bonaldi) que exemplifica possibilidades e caminhos de exposição e exemplificação dos temas e conceitos tratados em cada uma das “aulas atividades”.

3)  “Slides”: links para as apresentações de slides, montados pelas duplas e fundamentados a partir dos planos e roteiros de aula.

4)  “Folhas Atividades”: material, elaborado coletivamente, que entregamos aos estudantes das turmas atendidas durante a realização das “atividades interativas”

No link abaixo, você será redirecionado a uma pasta Google Drive, na qual é possível encontrar esses materiais organizados para cada uma das oito AULAS ATIVIDADES.

 https://drive.google.com/drive/folders/1q3pOCiSYafKJCSiqKp1V8w6NnmxpiEUh?usp=sharing 

Em caso de uso do material, para fins de pesquisa ou ensino, contamos com o bom senso e a honestidade dos colegas para a devida realização das citações. Abaixo, deixamos as orientações de citação do material.

Bonaldi, E.V.;Day, J.M.;Correia, W.V.Silvestre, A.B.A e Ruckel, M.I.F. (2024) Plano de aula 1 (2,3, 4…) ou Roteiro de aula 1 (2,3, 4…) ou Folha atividade d aula 1 (2,3, 4…) ou Slides da aula 1 (2,3, 4…). Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID-CAPES), subprojeto de Sociologia, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Disponível em https://lefis.ufsc.br/ Acesso em : XXXXXXXXXXXXXX

 

Equipe do PIBID/UFSC, Sociologia (2022-2024)

Coordenador do subprojeto

Prof. Dr. Eduardo V. Bonaldi (SPO-UFSC)

Professoras supervisoras

Profa Ma.  Camila Philippi (EEB Julio da Costa Neves)

Profa Ma. Suzana Uiliano (EEB Anibal Nunes Pires)

Profa Dra Marivone Piana (Colégio de Aplicação/UFSC)

Pibidianos/as (2022-2024)

Profa Ma. Andreia Catine Cosme 

Bacharela em Ciências Sociais pela UFSC em 1998, Mestra em Sociologia Política pela UFSC em 2001, Especialista em Inovação e Tendências da Educação pela Universidade São Judas Tadeu em 2021  e Profa do ensino superior de 2001 a 2023. Licencianda em Ciências Sociais pela UFSC (8ª fase), com ingresso em 2022.

Bruna Cobelo Pinelli  Licencianda em Ciências Sociais pela UFSC, em 2024
Higor da Silva Martins, Licenciando em Ciências Sociais pela UFSC
Iasmim Ferreira dos Santos, Licencianda em Ciências Sociais pela UFSC
Jardel Murilo Day, Licenciando em Ciências Sociais pela UFSC.
Larissa Miranda Domingos Licencianda em Ciências Sociais pela UFSC, em 2024, Bacharela em Ciências Sociais, 2024.1. Ano de ingresso:  2015. 
Renan Fernandes Freitas Zemor, Licenciando em Ciências Sociais pela UFSC.
Welliton Vinicius Correa, Licenciando em Ciências Sociais (6º fase), ingresso em 2020.2 
Matheus Ferraz Alvarenga, Licenciando em Ciências Sociais (8°fase), ingresso em 2018.2
Flávia Baggio Sachet, Licencianda em Ciências Sociais (5° fase), ingresso em 2022
Amanda Beatriz de Assis Silvestre, Licencianda em Ciências Sociais pela UFSC

Maria Isabel Fellippi Ruckel, Licencianda em Cências Sociais pela UFSC