Justificativa

Frente aos aspectos destrutivos, ambientais e sociais, que parecem marcar várias dimensões das relações societárias no sistema-mundo, tanto em países centrais como em países periféricos, a procura pela Filosofia e pela Sociologia é uma tendência crescente; é como se as pessoas buscassem orientação para fazer ou refazer laços sociais com significações mais humanitárias, justas e participativas. A busca de outros constituintes, subjetivos e societais, permeia a educação e as definições de práticas profissionais.

O Brasil e o Estado de Santa Catarina, com suas constituições históricas próprias, não estão fora desse reconhecimento. Talvez até mais acentuadamente, porque a democracia, cujas instituições têm sua representação social abalada pela violência e pela desigualdade distributiva, ainda é uma aprendizagem.

É exatamente neste ponto – aprendizagem – que a responsabilidade das gestões públicas com políticas educacionais que valorizem as humanidades, sem prejuízo das artes aplicadas, torna-se um fator mobilizador e ativo na formação de uma outra perspectiva cultural (filosófico, sociológico, político e profissional).

Em Santa Catarina, a decisão recente da obrigatoriedade das disciplinas de Filosofia e Sociologia no Ensino Médio, é a oportunidade para o desenvolvimento dessa vontade educacional. A presença dessas disciplinas, se melhor definida e ampliada, qualificará a intervenção. Isso se realizará com programas permanentes de capacitação dos professores, numa inter-relação com a participação criativa dos mesmos e melhoria das condições objetivas de trabalho.

Assim, a proposta aqui apresentada, caminha na direção de uma perspectiva nova, construída em conjunto com os professores que estão na prática do ensino dessas disciplinas na Rede Estadual de Ensino, com a UFSC e a Secretaria da Educação e Inovação, como uma política sustentável que considere o conjunto de pessoas envolvidas no processo de ensino-aprendizagem. Além da UFSC, durante o processo de consolidação do Laboratório, a UDESC, bem como outras universidades do Estado que possuem cursos de graduação em ciências humanas deverão ser envolvidas.

A materialização da proposta é a criação do LABORATÓRIO INTERDISCIPLINAR DE ENSINO DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA (LEFIS).

Mais do que um espaço físico, é um espaço relacional para professores da universidade e do ensino médio, bem como alunos, em atividades de ensino, de formação, de promoção de eventos e elaboração pedagógica e didática. É um ponto de apoio, e de referência interdisciplinar, que poderá ter âmbito de ação estadualizado, a partir de Florianópolis. Servindo de base para uma mobilização pela valorização das humanidades. Com o LEFIS é possível vislumbrar um futuro promissor. Este abre a pespectiva de ser ampliado congregando, assim, outras disciplinas das ciências humanas, tais como: geografia, história, psicologia, antropologia, etc.

A sua potencialidade, enquanto um projeto piloto de Laboratório de Ensino, permitirá, também, que num futuro próximo, através de convênios com outras instituições, inclusive com o Governo Federal – uma prioridade estabelecida no convênio RMAV (Rede Metropolitana de Alta Velocidade), popularmente conhecida como Internet 2 -, o aumento da velocidade da rede de internet que viabilize, em tempo real, o acesso de vídeos que podem ser armazenados na Biblioteca Digital e disponibilizados em rede nas salas de aulas de todas as escolas do Estado.

Ressaltamos que a idéia desse Laboratório surgiu nas discussões e encaminhamentos tirados no I Seminário Regional de Sociologia no Ensino Médio, que contou com a participação de oitenta e seis professores da Grande Florianópolis. Este ocorreu no dia 06 de dezembro de 2003, numa promoção e realização do Laboratório de Sociologia do Trabalho (LASTRO) do Departamento de Sociologia e Ciência Política do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da UFSC.